NFT: Inspirado nos Jogos de Inverno, artista protesta contra governo chinês

O artista dissidente chinês Badiucao, 35, denuncia as supostas repressões políticas na China e a falta de transparência do país no combate a pandemia, em primeira coleção NFT, recém lançada no norte da Itália
  • Por Rhaysa Ferreira
  • @rhaysa-ferreira
  • 08 fevereiro, 2022
  • 3 min de leitura
O artista dissidente chinês Badiucao diante de sua primeira coleção NFT, lançada recentemente na itália.
As NFT's estão crescendo muito em valor e em popularidade. Em pouco tempo o termo já se tornou um dos mais buscados em 2021 e vem ganhando cada vez mais espaço no cotidiano coletivo, deixando de ser um assunto apenas de nicho e ocupando um certo espaço na construção social e política mundo, principalmente quando ligados às artes.
Recentemente, por exemplo, o artista chinês Badiucao, usou sua primeira coleção NFT, a Beijing 2022 Collection, para protestar sobre alguns atos do governo chinês, inspirando-se justamente nos Jogos de Inverno que estão acontecendo no país asiático.
Em cada uma das 5 obras que formam a coleção, é possível identificar um protesto.
Na primeira imagem vemos um snowboarder sobre uma câmera de vigilância ao invés de uma prancha de snowboard, clara referência a estrita vigilância do governo chinês sobre seus cidadãos. Em outra, o vírus da Covid 19 substitui a pedra no curling, criticando a falta de transparência em relação ao combate da pandemia no país. Para protestar sobre o genocidio uigur, o artista usa o  biatlo, mostrando alguém vendado e sob a mira de uma arma. Ainda tendo como referência os esportes olímpicos de inverno, Badiucao retrata a opressão do governo chinês ao povo tibetano e o arruinamento da democracia em Hong Kong, 
A arte de Badiucao sempre foi conhecida por denunciar abusos de direitos humanos e restrições da liberdade de expressão na China. Por muitos anos o artista usou um pseudônimo, mas resolveu revelar seu rosto em um documentário, depois que sua família sofreu diversas ameaças do próprio governo chinês. Exilado, hoje está radicado na Austrália e sua obra, que inclui arte de rua, instalações, performances e caricaturas políticas, vem ganhando cada vez mais espaço, principalmente com o auxílio da internet
Para Badiucao as NFT's chegam como forma de resistência a qualquer tipo de censura:
“Tenho lutado contra a censura do regime autoritário da China há mais de 10 anos. Quando galerias e locais convencionais ficam intimidados demais para exibir minha arte devido a ameaças de Pequim, a Internet tem sido o último recurso para artistas como eu.As tecnologias NFTs e blockchain não são apenas uma maneira segura de oferecer suporte financeiro a artistas dissidentes, mas também servem como um importante registro público e imutável fora da manipulação e controle autoritários.”Badiucao
As obras serão cunhadas como edições de 2022 e os colecionadores que as obtiverem, poderão  escrever sua própria mensagem de oposição ao governo da China no blockchain.

Em tempo…

Em janeiro de 2022 a China anunciou que tem planos de criar uma Rede de Serviços baseada em Blockchain (BSN) para o mercado de tokens não fungíveis, sem o envolvimento de criptomoedas.
Assim, o termo NFT será substituído por Distributed Digital Certificate (DCC ou colecionáveis digitais) e a futura rede não será compatível com tokens não fungíveis criados em redes blockchain públicas, consideradas ilegais no país.
Por terem a possibilidade de serem desenvolvidas e negociadas em qualquer lugar do mundo e por não serem controladas por uma uma entidade específica, nos últimos meses, Pequim tem aumentado consideravelmente a vigilância sob as NFT's.
Rhaysa Ferreira
Por Rhaysa Ferreira

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