Figma 2025: como a plataforma está reinventando o futuro do design digital
- Por Gabriela Mialich
- @gabmialich
- 08 julho, 2025
- 4 min de leitura
Figma
A cada ano, o Figma parece estar mais distante da concorrência e 2025 foi o ano em que a plataforma de design colaborativo mais popular do mundo resolveu dar um passo ousado: deixar de ser apenas uma ferramenta e se transformar em um verdadeiro ecossistema completo de criação digital, da ideia inicial ao site publicado. Durante o Config 2025, seu evento anual de lançamentos, a empresa surpreendeu o mercado ao anunciar uma nova linha de produtos que vão muito além do design de interfaces. Estamos falando de quatro grandes novidades que prometem remodelar o fluxo de trabalho de times criativos, desenvolvedores e profissionais de marketing.
Entre os lançamentos, o destaque vai para o Figma Sites, uma plataforma de construção de sites e web apps com IA integrada, pronta para publicação e domínio próprio. Com isso, o Figma passa a competir diretamente com soluções como Webflow, WordPress e Squarespace e com uma vantagem significativa: tudo pode ser feito dentro do ambiente que os designers já conhecem e amam. A criação de protótipos interativos também ganhou reforço com o Figma Make, que usa inteligência artificial (especificamente modelos como Claude 3.5 e 3.7) para transformar ideias em componentes de interface funcionais, reduzindo o tempo entre o conceito e a execução. Basta digitar um prompt, e o sistema entrega uma estrutura navegável seja para apps, landing pages ou dashboards completos.
Outra novidade é o Buzz, voltado para times de marketing e conteúdo. Ele permite criar postagens, materiais de campanha e assets com base nos padrões visuais da marca, tudo integrado com planilhas, documentos e templates inteligentes. É uma resposta direta ao crescimento do Canva e do Notion AI, com uma proposta mais voltada para performance criativa no contexto corporativo. Já o Draw é um upgrade potente no editor vetorial do Figma, com ferramentas que finalmente rivalizam com o Adobe Illustrator. Brushes, efeitos, múltiplos caminhos vetoriais, suporte avançado a texto em curvas e edição livre com IA colocam o Figma como uma solução completa também para quem trabalha com design gráfico mais artístico ou publicitário.
Lançamentos do Figma 2025
O que impressiona não é apenas a quantidade de lançamentos, mas a visão integrada de produto. Pela primeira vez, vemos uma plataforma onde é possível começar com um brainstorm (no FigJam ou Slides), prototipar no Figma, gerar código com IA e publicar um site funcional tudo sem sair da ferramenta. Isso torna o workflow radicalmente mais eficiente, especialmente para equipes multidisciplinares que incluem design, produto, engenharia e marketing.
Mas talvez o ponto mais poderoso dessa nova fase do Figma esteja no uso inteligente e transparente da inteligência artificial. Diferente de outras big techs que integram IA de forma genérica, o Figma apostou em uma abordagem modular e ética. O CEO Dylan Field deixou claro que a IA só é ativada com permissão, respeita atribuições de conteúdo de comunidade e é usada para potencializar e não substituir o trabalho humano. Além disso, o Figma lançou o conceito de MCP Server (Model-Connected Plugin), que permite que editores como VS Code, GitHub Copilot e Claude acessem os arquivos do Figma em tempo real, tornando a entrega de código muito mais precisa e conectada ao design real.
Esses avanços não são por acaso. Desde que a tentativa de aquisição pela Adobe foi barrada pelas autoridades regulatórias em 2023, o Figma entrou em uma fase acelerada de crescimento e inovação. Com os US$ 1 bilhão recebidos como taxa de rescisão do acordo, a empresa ampliou seu time, acelerou investimentos em IA e, mais recentemente, arquivou seu processo de IPO de forma confidencial, indicando que pode entrar na bolsa em breve com uma avaliação estimada entre US$ 12 e 15 bilhões. Além disso, o Figma diversificou suas aplicações financeiras como o investimento de US$ 55 milhões em ETFs de Bitcoin e já atende 95% das empresas da Fortune 500 com seu modelo de negócios freemium que escala com eficiência para o plano corporativo.
Mais do que uma ferramenta, o Figma está se consolidando como um hub central para toda a cadeia criativa digital, desde a ideação até a publicação e manutenção. E isso representa uma ameaça concreta à Adobe especialmente ao Illustrator, ao InDesign, ao XD e até mesmo ao Premiere (já que a IA do Figma também permite criar vídeos animados simples a partir de protótipos interativos). Enquanto a Adobe lida com heranças de softwares desktop e modelos de negócios engessados, o Figma aposta em leveza, velocidade, colaboração e acessibilidade.
O sucesso da plataforma também está ligado à sua leitura de comportamento do usuário. As ferramentas que nasceram dentro do Figma, como o próprio FigJam e agora os novos Sites e Make, surgiram observando padrões reais de uso da comunidade e foram desenvolvidas com base em problemas concretos de produtividade. Não é coincidência que boa parte da base de usuários seja composta por designers independentes, times ágeis, startups e empresas em aceleração digital.
Em resumo, o Figma 2025 não apenas se reposiciona como líder em design colaborativo, mas também como um dos ecossistemas mais completos de criação digital da atualidade. Com IA aplicada de forma estratégica, um modelo de negócios escalável e uma visão ousada de produto, a plataforma mostra que não quer mais só competir com a Adobe quer redesenhar o próprio futuro da criação.
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