O Trillium e os Princípios de IA da Google: Tecnologia, Eficiência e Responsabilidade

  • Por Gabriela Mialich
  • @gabmialich
  • 09 junho, 2025
  • 4 min de leitura
Trillium

A Google tem se posicionado como uma das maiores lideranças mundiais em inteligência artificial (IA), não apenas pela sua capacidade de inovação tecnológica, mas também pela sua tentativa de moldar uma abordagem ética e consciente para o desenvolvimento e uso dessa tecnologia. Dois temas fundamentais para entender essa postura são os avanços na infraestrutura computacional da empresa, como o recente chip Trillium, e os princípios de IA que guiam as suas decisões.

CPU, GPU e TPU: o que cada um faz?

Antes de entendermos o Trillium, é importante distinguir os principais tipos de chips utilizados em computação:

• CPU (Central Processing Unit): É o chip mais versátil e comum, presente em praticamente todos os dispositivos eletrônicos, de smartphones a notebooks. Ele é responsável por tarefas diversas como abrir aplicativos, digitar textos ou acessar a internet. No entanto, sua capacidade é limitada quando se trata de grandes volumes de dados processados simultaneamente.

• GPU (Graphics Processing Unit): Originalmente projetado para processar gráficos em jogos e aplicações visuais, as GPUs provaram ser extremamente úteis para aplicações de IA, pois podem realizar milhares de operações em paralelo. Isso as torna ideais para treinar modelos de aprendizado profundo.

• TPU (Tensor Processing Unit): Criadas exclusivamente pela Google, as TPUs são ASICs (circuitos integrados de aplicação específica) desenhadas especificamente para executar tarefas de aprendizado de máquina com maior eficiência. Elas funcionam otimizando o cálculo de tensores, que são estruturas matemáticas fundamentais no funcionamento da IA.

O que é o Trillium?

Trillium é a sexta geração de TPUs da Google, anunciada inicialmente no Google I/O de maio de 2024 e agora disponível em versão de acesso antecipado para clientes da Google Cloud. Este chip apresenta um salto significativo em relação à geração anterior (TPU v5e):

• 4,7 vezes mais desempenho computacional por chip.

• 67% mais eficiência energética.

• Dobro de memória HBM e largura de banda de interconexão entre chips.

Essas melhorias tornam o Trillium ideal para lidar com cargas de trabalho complexas e em larga escala. Alguns dos usos já observados incluem a análise de RNA para identificação de doenças e transformação de texto em vídeo em alta velocidade. Esses avanços indicam o potencial revolucionário dos TPUs em diversas indústrias.

Foto Google I/O

Por que a Google criou suas próprias TPUs?

A decisão de criar TPUs surgiu de um dilema enfrentado pela Google: se cada usuário conversasse com seus serviços de voz por apenas três minutos diários, a empresa teria que dobrar sua infraestrutura de data centers para lidar com a demanda. As soluções convencionais (CPUs e GPUs) não ofereciam a eficiência necessária, então a Google optou por projetar chips personalizados para otimizar as tarefas de IA.
As TPUs não estão disponíveis em dispositivos pessoais. Elas funcionam exclusivamente em data centers da Google, alimentando produtos como Google Search, YouTube, Google Translate e também modelos desenvolvidos pela DeepMind.

Os Princípios de IA da Google

Em 2018, a Google anunciou sete princípios para guiar o desenvolvimento e a aplicação da IA:

• Ser socialmente benéfica: A IA deve ser usada para resolver problemas reais e trazer melhorias sociais em áreas como saúde, energia, agricultura e educação.

• Evitar criar ou reforçar vieses injustos: A empresa reconhece que algoritmos podem reforçar preconceitos, por isso se compromete a mitigar impactos injustos, especialmente em questões sensíveis como raça e gênero.

• Ser segura: A IA deve ser desenvolvida com testes rígidos e mecanismos de controle para minimizar riscos.

• Prestar contas às pessoas: Sistemas de IA devem ser passíveis de explicação e revisão humana.

• Incorporar princípios de privacidade: Projetos de IA devem considerar a proteção de dados desde o início.

• Alcançar excelência científica: Desenvolver IA com base em pesquisa sólida, transparência e colaboração.

• Ser utilizada de acordo com esses princípios: A Google afirma que não desenvolverá tecnologias de IA para armas ou vigilância em desacordo com normas internacionais.

Contradições e Críticas Recentes

Apesar da intenção declarada de não utilizar IA para fins militares ofensivos, em 2025 a Google atualizou a interpretação desses princípios, gerando críticas de funcionários e especialistas. A empresa manteve a promessa de não construir armas baseadas em IA, mas passou a aceitar colaborações com setores militares em áreas como cibersegurança, missões de resgate, atendimento a veteranos e recrutamento.
Críticos apontam que isso representa uma flexibilização dos princípios anunciados em 2018, e que o envolvimento indireto com o setor militar pode abrir margem para utilizações problemáticas.

Conclusão

A história do Trillium e dos princípios de IA da Google mostra como a inovação técnica e a responsabilidade ética precisam caminhar juntas. O desenvolvimento de chips altamente eficientes como os TPUs permite avanços incríveis em IA, desde diagnósticos médicos até assistentes pessoais. Mas à medida que a tecnologia se torna mais poderosa, também cresce a necessidade de um controle ético robusto.
A abordagem da Google pode não ser perfeita, mas ela oferece um ponto de partida vital para a discussão global sobre como devemos construir o futuro da IA. A interação entre desenvolvimento técnico e responsabilidade social é um dos maiores desafios do nosso tempo.

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