Women in Tech: uma história de pioneirismo e inspiração

Apesar dos obstáculos, cientistas e matemáticas persistiram e ajudaram a transformar o futuro da tecnologia.
  • Por Redação Techpost
  • @redacao
  • 08 março, 2022
  • 6 min de leitura
Marlyn Wescoff [esquerda] e Ruth Lichterman eram duas das programadoras do ENIAC.
No atual cenário da área de tecnologia e computação, dominado pelo masculino, pode ser fácil se esquecer - ou desconhecer - como as mulheres foram fundamentais na origem e desenvolvimento da computação e tecnologia, que hoje fazem parte do nosso cotidiano. 
No dia Internacional das Mulheres, vamos analisar a importância feminina na história da tecnologia e destarcar nomes de mulheres cuja os legados permanecem e inspiram as novas gerações.  
Se fizermos uma linha do tempo, perceberemos que a ligação das mulheres com a tecnologia, começa em 1700, quando a francesa Nicole-Reine Lepautre, matemática e astrônoma, previu o retorno do cometa Halley calculando o tempo de um eclipse solar. Depois de sua equipe trabalhar em suas previsões por seis meses, o resultado do trabalho de Nicole foi considerado um triunfo astronômico.
Com olhar atento e ótimo desempenho matemático, muitas mulheres se destacaram nos anos seguintes, mas nada foi simples. Nos anos de 1800, as mulheres podiam estudar ciências da computação nas universidades, mas para trabalhar na área, principalmente se decidissem seguir o caminho da docência, deveriam renunciar ao casamento e à maternidade, um clássico exemplo da profunda desigualdade entre homens e mulheres. 
Apesar das dificuldades, é impossível falar sobre o século XIX sem citar alguns nomes que promoveram uma verdadeira revolução e mudaram para melhor o futuro da tecnologia.
Minha mente é algo a mais que algo meramente mortal. E o tempo vai mostrar.
Uma delas é Ada Lovelace, a primeira pessoa a criar um código. Ainda na juventude, em 1833, Lovelace conheceu o inventor Charles Babbage, que estava trabalhando no que chamou de Máquina Analítica, que seria feita de engrenagens de metal e teria a capacidade de executar comandos e armazenar informações na memória. Logo a jovem matemática percebeu que um computador que pudesse modificar suas próprias instruções e memória, poderia ser muito mais do que uma calculadora mecânica. Para provar, Lovelace escreveu o que é considerado o primeiro programa de computador da história, um algoritmo com o qual a Máquina Analítica calcularia a sequência de números de Bernoulli. Sua contribuição, no entanto, só foi reconhecida em 1950, quando B.V Bowden publicou seus feitos e história.
Outras mulheres pioneiras em 1800, ainda incluem Maria Mitchell, a primeira cientista americana a descobrir um cometa; Anna Winlock que estava envolvida na produção de dados astronômicos em Harvard; e Henrietta Swan Leavitt, que descobriu as estrelas variáveis, ajudando a explicar a expansão do universo.
Na sequência, muitos acontecimentos históricos como a revolução industrial na segunda metade do século 19, bem como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, fizeram com que as mulheres tivessem muita interação com a tecnologia nos anos 1900. Enquanto algumas foram ganhar experiência na engenharia trabalhando com máquinas em grandes fábricas e até como telefonistas, outras se destacaram com a matemática.  
Durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres precisaram assumir vários empregos. Um deles era trabalhar como um “computador humano” calculando a balística manualmente para que os militares pudessem determinar os ângulos de disparo. Em meados de 1945, haviam centenas de matemáticas do sexo feminino desempenhando literalmente a função de computadores.
A operação de quebra de código de Bletchley Park durante a Segunda Guerra Mundial foi um momento chave de oportunidades para mulheres que trabalhavam com ciências, análise e matemática. A operação consistia em quase 10.000 pessoas e cerca de 75% eram do sexo feminino, mas essas mulheres não foram formalmente reconhecidas como analistas como seus colegas homens, em vez disso, foram contratadas e descritas como “secretárias”.
Patsy Simmers, segurando o ENIAC board; Gail Taylor, segurando EDVAC board; Milly Beck, segurando o ORDVAC board; e Norma Stec, segurando oBRLESC-I board.
O ano de 1945 foi marcante: surgiram os primeiros programadores – e eram todas mulheres. Os “computadores humanos” mais habilidosos foram desenvolvidos pelas líderes do projeto ENIAC do Exército dos EUA para montar uma máquina para produzir tabelas de balística. As mulheres contratadas foram: Kathleen McNulty, Betty Jean Jennings, Frances Bilas, Elizabeth Snyder Holberton, Marlyn Wescoff e Ruth Lichterman. Elas eram chamadas de “as meninas do ENIAC” e seu trabalho revolucionou a programação de computadores.
Ainda no século XX, podemos citar outras personalidade femininas que entraram para a história da tecnlogia: Almirante Dra. Grace Hopper, que criou a primeira linguagem de programação acessível em inglês; Annie Easley, que esteve envolvida no desenvolvimento e implementação do código usado na pesquisa de sistemas de conversão de energia, como a tecnologia de bateria usada nos primeiros veículos híbridos; a inventora e atriz Hedy Lamar, que inspirou a tecnologia para wi-fi e bluetooth; Mary Wilkes, a programadora que projetou o sistema para um dos primeiros computadores pessoais e se tornou a primeira pessoa a ser usuária de um computador doméstico, iniciando o conceito de home office tão essencial para nossas vidas profissionais atualmente; e Adele Goldberg, cientista da computação que inspirou o primeiro computador da Apple. 
Ainda que a primeira metade do século XX tenha sido de grandes conquistas para as mulheres, a segunda metade não foi tão boa. Apesar de terem assumido empregos tradicionalmente masculinos graças a devastação causada pela guerra, as mulheres tiverem que lidar com todo tipo de desigualdade em locais de trabalho, como salários mais baixos e falta de reconhecimento.
Evidências mostram que na década de 70 o governo e a indústria começaram a perceber o poder e potencial que os computadores tinham para transformar a forma como a sociedade vivia. Assim, as mulheres, até então maioria na área de tecnologia, foram substituídas por homens e os cargos, que antes eram citados como de secretariado, foram atualizados e elevados ao mais alto nível profissional.
E o cenário no mercado tech, não mudou muito desde então.
Para as mulheres, o século 21 tem sido marcado por tentativas de reduzir a disparidade de gênero no mercado de tecnologia e por demandas por igualdade salarial, licença parental compartilhada e acesso a cargos de liderança, indiferente de gênero, raça, idade, etnia e contexto socioeconômico.
O fato de hoje estarmos mais conectados e tecnológicos do que nunca, promete ser o ponto de virada feminina na tecnologia. Hoje, a internet conecta cada vez mais mulheres a oportunidades de aprendizado e emprego e alta demanda por profissionais tem feito as empresas abrirem seu leque de contratações. Enquanto isso, as meninas crescem desenvolvendo habilidades, aprendendo e sendo inspiradas pela tecnologia desde muito cedo. 
Ainda assim, segundo a Women in Tech Survey 2020, as mulheres representam apenas um quarto dos profissionais da indústria de tecnologia, evidenciando que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a equidade de gênero nessa indústria. Que a história de persistência e pioneirismo das mulheres revolucionárias que ajudaram a desenvolver as tecnologias que usamos hoje, possam inspirar e encorajar as próximas gerações a não desistirem de ocupar seus lugares no mundo tech.
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