Pensar no produto é um hábito ou quase um esporte

O que tornou apps como Tik Tok tão populares e o que leva as pessoas a comprarem novos produtos todos os anos? Descubra a importância da Mentalidade de Produto na hora inovar e construir experiências relevantes.
  • Por Arthur Piccolo
  • @arthur-piccolo
  • 01 junho, 2023
  • 7 min de leitura
Produto Tênis Air Jordan
Você já deve ter se deparado com a crescente onda de organizações e startups em busca de pensadores de produto - ou simplesmente Product Manager. Apesar de não ser exatamente um novo tipo de trabalho (marketing, design industrial e outras disciplinas já atuavam no campo), os pensadores de produto por trás das empresas de tecnologia trazem consigo um perfil com peculiaridades que transformam apps em gigantes da Bolsa de Valores.
Pensar na concepção de um produto é antes de tudo, perceber o mundo ao redor, sensações, sentimentos, sabores, comportamentos, necessidades e fundamentalmente - analisar hipóteses. Com o tempo, observação e treino focado, você poderá rapidamente aprimorar o seu ritmo de jogo. Pensar produto é um hábito que se assemelha aos treinos nos esportes. Se você perguntar a um dos maiores jogadores de basquete do Chicago Bulls, Michael Jordan, a receita para o bom desempenho em cada jogo, certamente ouviremos  algo como treinar, treinar e treinar.
Michael Jordan, Chicago Bulls.

Errei nove mil cestas, perdi trezentos jogos, errei vinte seis cestas para a vitória, e é por isso que me tornei o Michael Jordan.

- Michael Jordan
Em startups e empresas já estabelecidas que lidam com os desafios da inovação, a mentalidade de produto é essencial para antecipar movimentos, aprender novas tendências e determinar modelos de negócio. Até mesmo na hora angariar capital ou participar de uma entrevista, sua capacidade de resolver problemas utilizando o "pensamento de produto" poderá ser um aliado relevante e lhe render um faro aguçado capaz de ligar pontos, contar uma história envolvente, converter um usuário e/ou costurar relacionamentos.
Construir um produto que de fato resolva os problemas da sociedade ou simplesmente algo que seja valioso para uma organização é como mergulhar em um oceano de dados onde o maior desafio, está em encontrar um caminho viável entre a sua proposta de valor, modelo de negócio e aderência junto ao mercado.
Pensar produto pode ser um desafio ainda mais rigoroso quando nos deparamos com as áreas e interdisciplinaridade existente na base de uma abordagem produteira. Um pensador (a) de produto bem aprimorado deverá ter boas habilidades com engenharia, design, dados, negócios, qualidade e até um profundo entendimento do segmento de atuação do seu produto, isso sem contar o conhecimento nas ferramentas e métodos de concepção e gerenciamento do ciclo de vida do produto.
Pensar produtos é agir de forma estratégica, influenciar o negócio, ganhos, custos e operação - a tecnologia fica livre para focar em pavimentar com solidez o que precisa ser construído. Se fosse restaurante, pensar num produto seria como assistir a um chef de cozinha desenvolver o incrível novo prato que vai redefinir a cozinha tradicional, encher a casa, faturar novos pedidos e ainda conquistar novos fãs fiéis (não vamos esquecer a retenção).
Perceber o estágio e ciclo de vida do seu produto e serviço passa por entender pra quem você vende, tempo de mercado, métricas, quem vai vestir aquela roupa ou utilizar a nova poltrona que você projetou. Diante da mudança quase instantânea da tecnologia e seus respectivos impactos na forma como interagimos com o mundo, é fundamental estar atento aos dados e mudanças para se adaptar às novas tendências do mercado. Mudar dói, crescer ainda mais, entretanto, a inércia se transforma em um dos maiores ofensores das organização no século 21.
Assim como a lógica computacional permeou um requisito desejável em muitos profissionais da pós-modernidade, nutrir e desenvolver o pensamento de produto é, portanto, uma das habilidades mais relevantes para o mundo efêmero de hoje. Alguém capaz de pensar em como resolver problemas criando sintonia entre áreas, necessidades e pessoas, além de perceber tendências e conseguir implementá-las no tempo ideal, é essencial para gerar inovação real e construir produtos que as pessoas amem.
Pensar produto na atualidade é contribuir ativamente para o valor de marcado de uma organização, grandes empresas de tecnologia tem priorizado e investido na inovação baseada no pensamento de produto e, em alguns casos, gastando até mais na área de produtos do que no restante da empresa.
A veia do produto é desenvolvida discutindo ideias e procurando compreender questões mais amplas do que pode ou não - funcionar para as pessoas. Pensar em produtos melhores é testar produtos diariamente.
O comportamento chave dos grandes pensadores pensadores de produto parece estar organizado em três vertentes: um apetite quase insaciável por querer entender como as coisas funcionam - entender os dados e como funciona a cabeça dos usuários - e por fim - analisar e testar hipóteses. Pensadores de produto formam uma mistura de "freuds", cientistas e carpinteiros do nosso tempo.
Pensar no produto é resolver um quebra-cabeça, por que o app X virou tendência? Quais decisões e funcionalidades levarão as pessoas a gostar mais do Produto Y. Observar e registrar comportamentos, coletar dados e levantar hipóteses é parte do método científico e é exatamente neste ponto que os pensadores de produto de hoje se aproximam dos cientistas de qualquer laboratório.
O Tik Tok é atualmente a rede social de vídeos mais popular do momento, ultrapassando até mesmo o Instagram. Os clipes com duração máxima de 15 segundos podem colocar qualquer um no stream de quase 147,5 bilhões de visualizações na plataforma ao utilizar a hashtag #challenge. Será que os desafios foram responsáveis pelo crescimento do Tik Tok? Certamente um Product Manager deveria conhecer e examinar esses comportamentos/dados.
A partir dos dados e comportamento observados, como podemos aprender a criar produtos melhores?
Conforme você desenvolve o hábito de observar seu próprio relacionamento com os produtos, sua visão é expandida, os benchmarks agregam mais insumos e novas suposições ganham forma. Agora é utilizar uma variedade de métodos que vão da concepção como Design Thinking / Doing, Círculo Laborit, Lean Inception, Mapas de Visão, Personas e Descoberta até a prototipação de um novo tênis em uma pequena fábrica de calçados ou - o desenho de um aplicativo através do Figma (ferramenta de ux/ui).
Tudo isso é parte da caixinha de ferramentas (ou remédios) para os mais variados desafios que você enfrentará ao longo da jornada. Em uma outra publicação abordaremos cada um dos principais métodos existentes para o desenvolvimento de novos produtos.
Cerimônia de Produto conduzida pela Kimberly Lima, Group Product Manager na Laborit.
O essencial até aqui é concentrar-se na modelagem de uma visão que descreva com clareza qual problema seu produto está resolvendo, como se diferencia do que existe lá fora, quais dados validam isso, como gera valor e para em pé ou simplesmente - gera receita.
Todo produto nasce ainda em um campo muito abstrato, passível de falhas, nossas intuições podem estar equivocadas, possivelmente os insumos e conclusões podem estar comprometidos, fazer algo útil e simples é mais complexo do que se apresenta. Um grande pensador de produto do passado nos traz direto da Renascença uma reflexão adequada:

A simplicidade é o último grau de sofisticação.

- Leonardo da Vinci
Criar algo simples e realmente impactante é sem dúvida um trabalho árduo que vai requerer muito refinamento e pensamento de produto. Um bom conselho é depois de aprender e conceber uma hipótese inicial, construa seu produto em partes menores, teste e reteste, compreenda os dados e aprimore seu produto com esse ciclo.
Uma mentalidade de produto sólida envolve formular hipóteses e ser capaz de obter feedbacks que poderão melhorar muito seu produto ou até mesmo contribuir para mudança de rota que garanta um fit melhor com o mercado e personas.
Se você está à frente de inovações, projetos e desafios, vale a pena desenvolver uma mentalidade de produto forte e tornar essa abordagem um hábito que pode contribuir bastante para o sucesso da sua organização.
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