Agtechs podem ter o seu primeiro unicórnio no Brasil

Agtechs candidatas ao posto de primeiro unicórnio do agronegócio nacional mostram uma área que tem crescido nos últimos anos, atualmente são 1.574 startups atuando no agronegócio, segundo o Radar Agtech Brasil 2020/2021.
  • Por Redação Techpost
  • @redacao
  • 18 novembro, 2021
  • 5 min de leitura
Foto do Ministério de ciências e tecnologia. Agtechs tem se destacado e transformado o cenário do agronegócio nacional.
Agtechs são startups do agronegócio e o seu crescimento é cada ano maior, superando o ano de 2019, a quantidade de empresas nesse ramo aumentou em 40% só em 2020. Essas Startups têm buscado resolver os problemas do setor agro como gargalos de produção e o baixo valor agregado das cadeias produtivas nacionais.
Ocupando um espaço importante, elas levam tecnologia para os campos e atuam em um mercado crucial para o Brasil. Startups voltadas para esse campo ultrapassaram US$ 160 milhões em aporte desde 2009, segundo estudo do Distrito.
Segundo o Distrito Mining Report - Agtech 2021, aproximadamente 40% desses aportes são realizados em empresas que estão ainda em estágios iniciais, mostrando como o desenvolvimento dessas tecnologias ainda tem um longo caminho pela frente, mas também que estão no caminho certo.
Criando um cenário de crescimento, os aportes feitos em 2020 foram o maior e melhor desde 2009, com US$ 67,3 milhões de investimentos ao longo do ano.

Agtechs, as startups voltadas para o agronegócio que trazem tecnologia para os campos

Além de procurar melhorar as análises, essas soluções podem viabilizar decisões mais assertivas a tecnologia no campo também pode melhorar a situação de trabalhadores rurais, automatizar tarefas e prever resultados. Esse novo cenário tem mudado a visão do Brasil de país de commodities e exportador de matéria prima e nunca tecnologia.

Aquele conceito de que o Brasil é um país de commodities e com baixo valor agregado, agora tem mudado com as Agtechs, que dão um upgrade em um setor que é o principal motor da economia do país.

- <strong>Gustavo Araújo, fundador e presidente do Distrito</strong>
A Distrito mapeia startups no setor de inovação brasileira, e segundo dados compilados por eles, as Agtechs já arrecadaram mais de US$ 58 milhões em 2021, e certamente afeta a economia brasileira que tem o agronegócio como um mercado imprescindível.
A frase “Agro é tech, agro é pop” nunca fez tanto sentido quanto agora, onde o setor teve um crescimento nacional contrário à tendência do mercado durante a pandemia. Essa época difícil mudou os setores produtivos do mundo inteiro, e trouxe a tecnologia como ferramenta indispensável em todas as áreas, podendo melhorar a situação de cada setor e a vida dos trabalhadores da cadeia de produção.
Por outro lado, é importante ressaltar que esse crescimento tecnológico também apresenta um lado preocupante, ele tanto pode ajudar pequenos criadores e agricultores rurais, entre outros, como pode fazer com que alguns postos de trabalho simplesmente deixem de existir. Essa situação pode ser alarmante se não pensarmos em soluções antecipadamente, e nos preocuparmos com o impacto dos robôs no futuro do trabalho.
Só em 2020 o setor agro foi responsável por mais de 1 quarto do PIB do Brasil, pode-se dizer que esse é o setor mais importante da nossa economia.

Tem algumas tendências que vão criar novos mercados e novas receitas para as agtechs brasileiras, como a transformação digital financeira e das exportações de toda a cadeia. Além da criação de uma bioeconomia, e do surgimento do mercado de carbono, que vai ser um mercado de centenas de bilhões. Tem muito valor novo sendo criado e migrado para essas novas empresas.

- Francisco Jardim, sócio da SP Ventures
Francisco Jardim avalia ainda que um dos caminhos possíveis é que as fintechs especializadas no setor possam impulsionar o ecossistema de inovação no agronegócio, aliando assim dois setores e permitindo que ajudem um ao outro.
Com o cenário de digitalização dos pequenos produtores, a demanda por tecnologia deixa de ser centralizada nos grandes grupos e com isso o mercado está próximo de ter o seu primeiro unicórnio. E as empresas que se destacam nesse cenário mostram como a tecnologia tem caminhado no Brasil no sentido de promover melhorias.
Ocupando o posto de uma das favoritas para se tornar o primeiro unicórnio na área agora é a Solinftec, que somente em 2020 ela teve um aporte de US$ 60 milhões. Ela oferece uma gama de soluções com quatro pilares, “monitoramento e operações em tempo real, logística e automação de processos, traçabilidade dentro da porteira e gerenciamento do campo.”
A Solinftec tem como foco os processos e não as máquinas como o mercado agro tradicional tende a fazer, ela já entregou soluções para mais de 11 países desde a sua fundação em 2007 e espera fechar o ano de 2021 com receita de R$ 200 milhões. Já a Agrotools, que também pode ser uma candidata ao posto, aposta em dados e na agricultura da informação, entregando agilidade, precisão e análises de risco mais assertivas.
Essa Agtech está presente em 6 países e monitora mais de 250 milhões de hectares, com uma receita recorrente de R$ 100 milhões exportando tecnologia desenvolvida no Brasil com qualidade e eficiência.
No espaço do agronegócio também é possível o crescimento de Fintechs que focam exclusivamente nessa área, como é o caso da Trave, que busca expandir a oferta de crédito aos pequenos e médios produtores rurais brasileiros utilizando tecnologia. Além de realizar o processamento de garantias de forma 100% digital.
Além das Agtechs já citadas também temos a Aliare, que é uma forte candidata ao posto de primeiro unicórnio agro no Brasil, ela é uma fusão do Grupo Siagri e Datacoper que aconteceu este ano e como resultado está previsto um crescimento de 30% para a Startup no próximo ano. A Aliare atua no mercado agro brasileiro e segundo as suas estimativas, 41% das cooperativas utilizam as suas soluções, com 52 mil clientes e 1,7 milhão de hectares monitorados.
Além disso, o setor de Agtech tem crescido significativamente e algumas soluções inovadoras fazem uso de Inteligência Artificial e outras ferramentas tecnológicas que remodelam o agronegócio nacional.
As Agtechs podem fazer parte de uma nova realidade brasileira, transformando um dos setores mais importantes em um exportador de tecnologias, aliando a visão de país de commodities com país tecnologicamente desenvolvido.
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