1X Technologies, o robô NEO e o Futuro da IA Doméstica

  • Por Gabriela Mialich
  • @gabmialich
  • 31 outubro, 2025
  • 8 min de leitura
1X Technologies, o robô NEO
1X Technologies, o robô NEO e o Futuro da IA Doméstica
A empresa por trás
A 1X Technologies sediada em Palo Alto (EUA) com raízes na Noruega tem como missão construir “humanoides seguros para o lar” capazes de conviver e aprender junto com pessoas.
Originalmente voltada para robótica industrial sob o nome Halodi Robotics, a empresa evoluiu para o consumidor doméstico com o lançamento do NEO.
O que torna a 1X especial é a combinação de robótica avançada (como atuadores “tendon-driven”) com IA de uso real para ambientes domésticos, algo que historicamente ficou restrito a protótipos de pesquisa.
Linha do tempo marcos da 1X Technologies
2014 — Fundação (Halodi Robotics)
Bernt Øyvind Børnich funda a empresa com foco em atuadores seguros e controle de corpo inteiro para robótica orientada à convivência com humanos.
2018 — Primeiro humanoide comercial/industrial (EVE)
A empresa lança robôs e plataformas voltadas a aplicações industriais/serviços (logística, segurança, saúde) sob o nome Halodi. Esse período foi crucial para desenvolver atuadores e controle de força/segurança.
2022–2023 — Reposicionamento e rebrand para 1X Technologies
A empresa se reposiciona do B2B industrial para projetar humanoides generalistas para o lar, rebatizando-se 1X Technologies e buscando capital e parcerias para consumer humanoids. Há relatos de rodada de investimento e apoio de fundos de IA.
2023–2024 — Desenvolvimento de plataformas “NEO Gamma/Beta” e tecnologia de atuadores (Tendon Drive)
Ciclo de P&D com iterações de protótipos (NEO Gamma/Beta) que consolidaram o sistema de atuadores por tendões e design “soft body” para convivência segura com humanos.
Outubro 2025 — Lançamento comercial / pré-encomendas do NEO (Early Access)
A 1X abre pré-encomendas do NEO Home Robot com promessa de envios iniciais em 2026 (EUA) e planos de expansão internacional para 2027; preço inicial anunciado: US$ 20.000 (ou assinatura US$ 499/mês modelo de subscrição). A empresa destaca o “Redwood AI” / LLM e aprendizado com especialistas remotos.
2026 (planejado) — entregas iniciais e atualização contínua
Roadmap público indica entregas para early adopters (EUA) e crescimento de capacidades por atualizações e tele-supervisão (Scheduled Expert Mode). Expansão global programada para 2027.
O produto: NEO Especificações, IA, Como Funciona
O NEO já está disponível para pré-encomenda, com entregas previstas para 2026 nos EUA, expansão global em 2027.
Aqui vai um panorama técnico mais detalhado e explicativo:
Hardware e mobilidade
Altura de cerca de 1,68 m (≈ 5’6″).
Peso aproximado de 30 kg (~66 lbs).
Capacidade de levantar até ~70 kg (~154 lbs) e carregar ~25 kg (~55 lbs).
Mãos com 22 graus de liberdade (22 DoF) cada — para manipulação fina de objetos.
Unidade de processamento baseada no hardware NVIDIA Jetson Thor, segundo apurações uma plataforma voltada para IA de borda/robô móvel.
Corpo construído com material “soft body” tipo malha de polímero 3D e atuadores por tendões para movimentos mais seguros e humanos.
Autonomia de cerca de 4 horas com bateria de ~842 Wh, e reposição rápida: 6 min de carga para 1 h de uso
Ruído baixo (≈ 22 dB), o que significa que o robô não será intrusivo em um ambiente doméstico.
Fonte da imagem: Site oficial da 1X Technologies
Inteligência artificial, percepção e interação
O NEO conta com o modelo proprietário chamado Redwood AI, que integra visão, toque, movimento corporal e linguagem basicamente um “cérebro físico” para robô humanoide. 
Além disso, há um modelo de linguagem (LLM) embutido para permitir conversas naturais com o usuário, memorização de preferências, e um grau de personalização doméstica (“Você gosta de laranja pela manhã” etc).
Percepção multimodal: câmeras “fisheye” estéreo, microfones em array para reconhecer comandos de voz, alto-falantes para comunicação e entretenimento.
Interface de uso: via comando de voz (“NEO, faça a tarefa”), via app no celular para agendar tarefas, e até modo “Expert” onde um operador remoto da 1X pode assistir/intervir para ensinar o robô a executar novas tarefas.
Funcionalidades domésticas
O robô já sai da caixa com habilidades básicas: abrir portas, desligar luzes, buscar itens, dobrar roupas, organizar prateleiras.
Possibilidade de “lista de tarefas” (Chores): o usuário agenda quando quer que o robô atue, e devolve a casa arrumada.
Aprendizado contínuo: tarefas que o robô ainda não domina são feitas em colaboração com um “1X Expert”, e assim o robô aprende novas habilidades para uso futuro.
Conexão com o sonho “Jetsons” e comparação com outros players como Waymo
Lembra da série animada Os Jetsons, onde robôs cuidavam da casa, os carros voavam, e a vida parecia futurista? O NEO vem para aproximar esse sonho da realidade. A promessa: “ter um robô humanoide que limpa, organiza, lava louça, guarda roupa” algo que até agora parecia reservado à ficção ou a protótipos de laboratório.
Para ilustrar como isso se conecta com ecossistemas mais amplos de IA/robótica: a Waymo, por exemplo, trabalha com veículos autônomos que necessitam de percepção, planejamento, controle, sensores complexos, e grandes modelos de IA para entender o mundo externo. Embora a aplicação seja diferente (carros vs robôs domésticos), há similaridades tecnológicas: visão múltipla, sensores, modelos de decisão, aprendizagem contínua e segurança humana. Por exemplo, há discussões sobre a Waymo adotando modelos multimodais “end-to-end” para controle de veículos.
A 1X, ao desenvolver o Redwood AI, segue linha parecida: um modelo que integra visão, linguagem e ação para executar tarefas físicas em um ambiente humano-complexo. Se pensarmos: um carro autônomo precisa ver trânsito, pedestres, seguir regras e aprender; o robô doméstico precisa ver objetos domésticos, pessoas, pets, decidir trajetos, manipular itens, ambos requerem “IA no mundo real”.
Riscos, limitações e cuidados que valem destacar
Dependência de intervenção humana: embora a empresa promova autonomia, atualmente muitas tarefas ainda dependem de tele-operação ou supervisão humana. Ou seja, “quase autônomo” e não “100% autônomo”.
Privacidade e segurança de dados: o robô está no interior da casa, com câmeras e microfones. A 1X prevê intervenção remota e gravação para aprendizagem, o que traz riscos de segurança de dados, exposição de ambientes privados, vulnerabilidades de software ou hardware.
Preço elevado: US$ 20.000 ou US$ 499/mês coloca-o fora do orçamento da maioria das residências no Brasil e em muitos países o que limita o alcance imediato.
Infraestrutura doméstica variada: casas no Brasil têm pisos diferentes, escadas, ruído, pets, clima, rede elétrica instável e muitos robôs falham justamente nessas condições “do mundo real” que não foram previstas nos laboratórios.
Manutenção, suporte e vida útil: atuadores, sensores e sistemas complexos exigem manutenção especializada, peças de reposição, software atualizado, isso pode elevar custo total e afetar confiabilidade.
Impacto social e de emprego: se os robôs domésticos se popularizarem, pode haver impacto sobre empregos tradicionais de “serviços domésticos”, o que exige reflexão ética e política.Segurança física: mesmo com corpo “soft”, atuadores de alta potência e movimentos humanos implicam riscos como tropeços, quedas, impacto em humanos ou animais, ou manipulação de objetos perigosos.
Fonte da imagem: Site oficial da 1X Technologies
Por que esse lançamento faz sentido agora e para onde vamos
A razão pela qual o NEO surge agora é que várias tendências convergiram: aumento de capacidade de IA (LLM, modelos multimodais), redução de custo de atuadores e sensores, demanda crescente por assistência no lar (em razão do envelhecimento populacional, famílias menores, ritmo de vida acelerado) e cultura de “smart home” que prepara o terreno para robôs físicos.
A 1X enxerga que o próximo passo não é apenas “aspirador que anda sozinho” ou “assistente de voz”, mas um robô que habita o lar, entende o ambiente, interage física e verbalmente, e cresce com o uso o que antes era considerado tecnologia de nicho ou protótipo.
Se expandirmos o olhar para o futuro: imagine uma casa com vários robôs especializados (um para limpeza, outro para cozinha, outro para armazenamento) ou robôs que colaboram entre si, que se atualizam via nuvem, que se integram com smart-home, energia renovável, entregas automatizadas. Esse tipo de robô doméstico abre portas para casas mais autônomas, ambientes assistidos, melhor qualidade de vida.
Um pouco de contexto para o Brasil
Embora o NEO neste momento seja voltado para o mercado dos EUA (com preço alto e envio em 2026), para o Brasil é interessante pensar em:
Conversão de preço: US$ 20.000 hoje representa mais de R$ 100.000 (dependendo câmbio, impostos) ou seja, produto de luxo/early-adopter.
Importação, taxação, suporte técnico local para que o robô funcione bem no Brasil, será necessário adaptação/regulação.
Infraestrutura: redes de internet, compatibilidade elétrica, mobilidade doméstica diferente nos lares brasileiros a empresa ou integradores precisarão resolver.
Modelo de negócio: talvez aluguel, assinatura ou “robô-como-serviço” seja uma alternativa mais acessível para o mercado brasileiro.
Impactos sociais locais: no Brasil, serviços domésticos são parte importante do emprego formal/informal. A chegada de robôs domésticos gera reflexões sobre quais empregos serão substituídos, quais habilidades serão exigidas no futuro e como políticas de treinamento e inclusão devem ser planejadas.
Considerações finais
O NEO da 1X Technologies, com sua combinação de robótica física de alto nível, IA multimodal e design doméstico, representa um salto real no que chamamos de “robôs domésticos funcionais”. Ele já traz mais que promessa está em pré-venda, com especificações divulgadas, e será entregue em breve.
Mas, como todo avanço tecnológico, o caminho até “robô em cada casa” ainda exige evolução significativa: em custo, autonomia, robustez, adaptação cultural e infraestrutural.
Para o panorama de inovação em IA e robótica, esse lançamento marca uma “virada”: o que antes era laboratório ou “prova de conceito” migra para o mercado consumidor. Empresas de tecnologia, IA, marketing, serviços domésticos, automação residencial e integração poderão aproveitar o momento para posicionar-se nesse novo ecossistema.

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