Startup em Singapura usa insetos e transforma lixo em tesouro
Em Singapura a Startup Insectta desenvolveu uma nova tecnologia que usa insetos para solucionar os problemas de desperdício de comida.
- Por Redação Techpost
- @redacao
- 05 janeiro, 2022
- 4 min de leitura
Photo by: Insectta. Startup usa insetos para criar uma solução para o desperdício de comida em Singapura
No entanto, a solução vai além de uma simples fazenda de insetos, a startup desenvolveu um método para aproveitar cada fase da vida do inseto e escolheu a mosca “black sodier” que cresce rápido e não morde tornando ela o inseto ideal.
A Insectta é a pioneira com Insect Farm em Singapura e transforma como lidamos com o desperdício de comida, transformando o que todos veem como lixo em tesouro. Com uma pesquisa pioneira em biomateriais derivados de insetos e dedicada ao desenvolvimento dessa indústria.
As larvas da mosca Black Sodier podem se alimentar de até 4x o seu próprio peso de restos de comida sendo a espécie escolhida pela Chua Kai-Ning e o seu parceiro Phua Jun Wei em 2017 quando fundaram a startup com a intenção de reinventar o amanhã lutando contra a crise de desperdício de alimentos.
“O conceito por trás do Insectta é que nada vai para o lixo. Os resíduos podem ser reinventados como um recurso se mudarmos a forma como pensamos sobre nossos métodos de produção e como lidamos com os resíduos.”
- Chua Kai-Ning. Cofundadora da Insectta.
Segundo a ONU quase 20% dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados, somando quase 1 bilhão de toneladas por ano. Além disso, estima-se que entre 8 e 10% das emissões globais de gases de efeito estufa estão associadas a alimentos que não são consumidos.
Por um lado há alimentos sendo desperdiçados e por outras pessoas passando fome no mundo, no Brasil há mais de uma iniciativa visando melhorar as questões de desperdício de comida, mas uma que se destaca é a iniciativa da Ação da Cidadania ajuda a colocar alimentos que seriam desperdiçados em lares de pessoas que necessitam deles, com um mapeamento que pode ajudar a diminuir a fome.
Por outro lado, há outras iniciativas como a Insectta que se propõe a usar a fazenda de Insetos para solucionar o desperdício de alimentos, transformando esses alimentos em novos produtos como ração para animais, e até produtos para a indústria de cosméticos. Eles perceberam que essas moscas poderiam ajudar mais do que no desperdício de comida, que outros produtos poderiam ser extraídos durante o seu ciclo de vida.
O ciclo do gerenciamento do desperdício não acaba com as larvas comendo os restos, depois a empresa consegue secar rapidamente os vermes que viram ração para animais, e também transformar os excrementos dos insetos em fertilizante para agricultura.
A startup alimenta com até oito toneladas de resíduos alimentares por mês a sua fazenda de mosca “black sodier”, incluindo subprodutos recebidos de fábricas de soja e cervejarias, como okara e grãos usados.
Já existem outras soluções que usam os insetos com o objetivo de manejar o desperdício de alimentos, mas essa startup está extraindo mais do que produtos agrícolas dessas moscas. Com financiamento do Trendlines Agrifood Fund e subsídios do governo, a Insectta também está adquirindo biomateriais de alto valor a partir dos subprodutos dessas larvas.
Eles perceberam que essas moscas poderiam ajudar mais do que no desperdício de comida, que outros produtos poderiam ser extraídos durante o seu ciclo de vida.
Como a startup transforma insetos em biomateriais?
Todas as larvas se tonam adultas eventualmente, durante esse processo elas formam um tipo de casulo, e emergem cerca de 10 a 14 dias depois como uma mosca adulta. A tecnologia desenvolvida pela Insectta consegue obter biomateriais desse exoesqueleto que eles deixam para trás.
Uma dessas substâncias é antimicrobiana com propriedades antioxidantes, a quitosana muitas vezes é usada em produtos cosméticos e farmacêuticos, com um movimento de sustentabilidade, já que a substância é obtida de maneira mais natural e pode substituir os espessantes - servem para aumentar a viscosidade de um líquido - e conservantes sintéticos em cosméticos.
No entanto, os primeiros produtos feitos com quitosana da Insectta estão atualmente em desenvolvimento, a startup está agora em busca de mais colaborações nas indústrias cosmética e farmacêutica.
Atualmente a principal forma de obter essa substância é por um processo em caranguejos, mas a sua extração envolve processos químicos pesados e grandes quantidades de água. Já as técnicas de extração da Insectta envolvem menos produtos químicos, como hidróxido de sódio, do que os processos de extração tradicionais, o que a torna uma alternativa mais sustentável.
Essa pode ser uma solução mais procurada no futuro já que a tendência do mercado é usar formas mais sustentáveis de criar os seus produtos.
“Quando as pessoas pensam em vermes, a primeira coisa que pensam é que eles são nojentos e prejudiciais às pessoas. Colocando os benefícios em primeiro lugar, podemos transformar o 'fator bruto' das pessoas.”
- Chua Kai-Ning. Cofundadora da Insectta.
Há um debate científico contínuo sobre a consciência dos insetos. Mas segundo os fundadores da startup a criação das “Black Soldiers” é mais humano e sustentável do que criar gado, já que os insetos precisam de menos água, energia e espaço para se desenvolver.
São iniciativas como essa que fazem o mundo um lugar melhor um pouco de cada vez.
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