Em um mundo super conectado, o que a pane no Facebook pode causar?

A pane no Facebook fez com que as maiores plataformas digitais da gigante tecnológica ficassem por quase 7 horas fora do ar na segunda (4).
  • Por Redação Techpost
  • @redacao
  • 07 outubro, 2021
  • 6 min de leitura
Pane no Facebook afetou mais de 2,8 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Foto: Melanie Hoefler - Barefoot Communications München
A pane no Facebook, na última segunda-feira, foi causada por uma "alteração inesperada" nas configurações dos roteadores que coordenam o tráfego e a central de dados.
O Facebook, Instagram e WhatsApp não estavam apenas fora do ar, mas também não existiam na internet. As plataformas ficaram fora do ar e mostraram como pessoas e empresas estão dependentes dos seus serviços.
O motivo da interrupção não foi imediatamente esclarecido. No entanto, o DNS pode ser um possível culpado.
A Companhia soltou uma nota se desculpando pela interrupção de seus serviços: “Nossas sinceras desculpas a todos os afetados pela interrupção dos serviços do Facebook neste momento. Estamos passando por problemas em nossas redes e nossos times estão trabalhando para resolver essa situação o mais rápido possível”, diz o comunicado assinado por Mike Schroepfer, CTO da empresa.
A companhia afeta mais de 2,8 bilhões de usuários no mundo inteiro. Muito além da impossibilidade de trocar mensagens com pessoas queridas ou curtir fotos e vídeos nas redes sociais, a pane mostrou que as plataformas do Facebook têm um papel mais profundo no próprio funcionamento da internet.

A pane no Facebook causou prejuízos para empresas que dependem das suas plataformas

Ainda mais difícil do que se adaptar a essa parada repentina é calcular o tamanho dos prejuízos que ela provocou. O prejuízo vai muito além do que conseguimos imaginar.
O Facebook tem uma série de serviços que outras empresas, sites e aplicativos usam: desde login, que permitem o acesso com uma conta do Facebook ou o envio de códigos de confirmação por WhatsApp e também ferramentas de analytics (métricas sobre a audiência).
Além dos serviços de login e ferramentas analíticas, o Facebook tem investido também no ramo de vendas online, como com a plataforma Marketplace; e de pagamentos, inaugurando no Brasil sua ferramenta WhatsApp Pay, que permite transações dentro do aplicativo. Há cerca de uma década, a empresa já tem um mercado consolidado na publicidade
O apagão do WhatsApp, do Instagram e do Facebook teve grande impacto financeiro e gerou prejuízos nos mais variados tipos de negócios. Nas empresas que trabalham de forma remota a comunicação ficou prejudicada. Consultórios, serviços e até tribunais de Justiça tiveram dificuldade de confirmar agendamentos. Sem falar de autônomos e pequenas empresas que ficaram "fora do ar" com as três redes sociais.
Pelo menos 175 mil restaurantes usam o aplicativo para vender e sentiram no caixa a indisponibilidade da rede.
O brasileiro acaba usando esses três aplicativos de uma forma que a integração entre eles oferece muito conforto. Quando esses três aplicativos saem do ar, subitamente muitas pessoas não sabiam o que fazer. Esse é um ponto muito preocupante que diz muito sobre a empresa Facebook, mas também sobre a maneira pela qual nós nos acostumamos a confundir rede social com internet.

O Facebook usou a rede social “ao lado” para reconhecer a interrupção.

No Twitter, uma das poucas redes sociais mais usadas que não fazem parte do conglomerado, o Facebook postou: “Estamos cientes que algumas pessoas estão tendo dificuldades para acessar nossos produtos. Estamos trabalhando para que as coisas voltem ao normal o mais rapidamente possível e pedimos desculpas pelo inconveniente".
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, também divulgou um pedido de desculpas em seu perfil após as seis horas de indisponibilidade dos aplicativos.
Nos desculpem pela interrupção, sabemos quantas pessoas contam com os nossos serviços para se manterem conectadas.Mark Zuckerberg
A queda dos serviços do Facebook aconteceu horas depois de a antiga gerente de produtos ter feito uma denúncia e vazado documentos e pesquisas, acusando a empresa de priorizar o lucro sobre a segurança do usuário.

A denúncia da ex funcionária expõe uma nova face da companhia

A ex-funcionária prestou depoimento nesta terça-feira (5) ao Senado dos Estados Unidos para pedir a regulamentação da empresa.
A ex-gerente de produtos da rede social, Frances Haugen, vazou documentos internos que detalham como o Facebook sabia que seus sites eram potencialmente prejudiciais para a saúde mental dos jovens.
As denúncias e estudos que falam sobre o tipo de conteúdo que o facebook promove e as consequências na vida das pessoas e dos jovens não são novidade. Mas pela primeira vez a denúncia vem de dentro, de alguém que tem o conhecimento da companhia e das plataformas, e com embasamento de pesquisas realizadas pela própria empresa.
Essas pesquisas já foram motivo de polêmica quando o projeto do Instagram para menores de 13 anos foi congelado com várias críticas. Uma pesquisa do próprio Instagram já apontava o quão mal o app causa na saúde mental, principalmente de meninas na adolescência.
Segundo Frances Haugen, o Facebook não derruba postagens de fake news ou que estimulam a divisão política porque elas mantêm os usuários mais tempo no site. Mesmo tendo lançado um Comitê Eleitoral Independente, a empresa prioriza o tempo do usuário em sua plataforma, através do algoritmo.
Frances Haugen afirma que o Facebook sabia do discurso de ódio disseminado e tentava 'esconder violências'. O conteúdo que é priorizado pelo algoritmo é o que vai ter mais engajamento, e não necessariamente esse conteúdo é positivo, em sua maioria é um conteúdo que gera violência, que é fake news.
A raiva é o sentimento que faz com que as pessoas fiquem mais tempo nas plataformas e mais tempo nas plataformas significam objetivamente mais receita entrando. Logo a companhia se recusa a “arrumar o algoritmo”, afinal, isso significa menos tempo de tela nesses aplicativos pelas pessoas.

Os produtos do Facebook prejudicam as crianças, intensificam a divisão e enfraquecem a nossa democracia.

- Frances Haugen
O Facebook sabe que se eles mudarem o algoritmo para ser mais seguro, as pessoas vão ficar menos tempo nas plataformas, e por conseguinte vai a companhia vai ser menos lucrativa.
Os gigantes do setor de tecnologia invadem a privacidade, servem de amplificador e caixa de ressonância para informações perigosas e prejudicam o bem-estar dos jovens. Há um perigo por conta do poder nas mãos de um serviço que se tornou necessário na vida diária de tantas pessoas.
"A empresa esconde intencionalmente informações essenciais aos usuários, ao governo dos Estados Unidos e aos governos do mundo todo", disse a declaração de Haugen. "A gravidade desta crise exige que saiamos das nossas estruturas regulatórias anteriores".
As ações do Facebook, listadas na Nasdaq, em Nova York, caíram mais de 5% na tarde desta segunda-feira (4), e seu dono, Zuckerberg, caiu na lista das pessoas mais ricas do mundo e teve um prejuízo de mais de 7 bilhões. Tudo isso por causa de menos de 7 horas fora do ar.
A dependência que esse apagão trouxe à tona mostra muitas complicações. A companhia é dona do conglomerado que lidera diversas áreas do mercado, como publicidade, vendas, comunicação, entre outras.
A tecnologia serve para ajudar as pessoas a terem uma vida melhor. Mas até que ponto as vidas das pessoas podem depender da tecnologia?

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