Startups de mulheres, os desafios do investimento

As Startups trazem um ambiente cheio de inovação, e mostram uma maneira diferente de fazer negócios que se distancia do modo business “tradicional”. Ainda assim, empresas fundadas por mulheres recebem menos investimento.
  • Por Redação Techpost
  • @redacao
  • 05 novembro, 2021
  • 7 min de leitura
Photo by Laborit. A mulher tem conquistado alguns espaços, mas ainda temos muito para evoluir nessa jornada
As mulheres são mais da metade da população mundial e ainda assim não estão inseridas proporcionalmente no mercado de trabalho e menos ainda em cargos de poder dentro das organizações.
Esse fenômeno surge de questões de gênero históricas, onde mulheres foram ensinadas a ficar em casa e praticar o “cuidar”, enquanto homens eram vistos como provedores do lar. Esse modelo de sociedade era tido como obrigatório, único possível, e ainda permanece assim dentro de algumas culturas. É possível perceber esse cenário na forma como  tratamos as crianças: as meninas desde  muito pequenas são incentivadas a cuidar do lar, com brinquedos que simulam tarefas domésticas, cozinhas, e bonecas, - os chamados “brinquedos de menina”. Já os meninos são incentivados a buscar atividades e brincadeiras que  estimulam a criatividade e  envolvem , muitas das vezes, tecnologia e ciência, lógica e agilidade. 
Assim, a construção social vai tirando das mulheres o direito de escolha. "A maneira como nossa sociedade pensa e define o que é ser mulher e o que é ser homem tem relação direta com o desenvolvimento de suas habilidades e competências", afirma a Bárbara Castro, socióloga e autora da pesquisa que investigou a presença feminina em TI.
As mulheres que seguem caminhos que historicamente não são destinados a elas acabam sendo penalizadas por isso e sofrendo preconceitos. Um exemplo disso são os salários de mulheres que são mais baixos mesmo exercendo as mesmas funções e tendo o mesmo cargo. Essa realidade, porém, vem  mudando, e a luta das mulheres na busca por liberdade, e equidade, parece surtir cada vez mais efeito. 
Photo by Laborit. Isabelli Batista Software Quality Analyst

Inicialmente o trabalho que eu exerço hoje era protagonizado predominantemente por homens, mas acredito que o mercado de trabalho tem sido moldado e já podemos ver mulheres atuando como grandes líderes e capacitando muita gente profissionalmente. Por outro lado, também vejo que ainda existem empresas com o pensamento um pouco mais antigo.

- Isabelli Batista Software Quality Analyst na Laborit
Isabelli acredita que “trabalhar com outras mulheres e ser liderada por elas, deveria ser normal e não inovador”, Software Quality Analyst na Laborit, ela defende que deveria haver mais investimento em mulheres, “ainda faltam oportunidades de mostrar que a mulher, estando inserida no mercado de trabalho e recebendo investimento profissional, consegue ir tão longe quanto qualquer homem.”
O mercado de tecnologia é um exemplo de local historicamente protagonizado por homens, este mercado tem sido parte do mundo masculino desde o seu início, no entanto, as mulheres têm conseguido se destacar, apesar das dificuldades. Se já é difícil, como mulher, estar nesse mercado, imagina então como é liderar um setor de Engenharia de Qualidade?
Com a pandemia esse cenário ficou ainda pior, 7 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho, segundo a Pnad Contínua - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, só em março de 2020.
O mundo das Startups também reflete esse cenário de segregação de gênero e mostra como as mulheres têm maiores dificuldades tanto no próprio ecossistema de Startup quanto no momento de buscar investimento para as suas ideias e empresas.

Investimento em Startups de mulheres é bem menor

As Startups precisam de formas de investimento e capitalização antes de atingirem o Break even, logo existem diferentes formas de conseguir esse investimento, entre eles está o Venture capital ou capital de risco. Essa é a principal fonte de capital de startups, e em troca do aporte os investidores ficam com participação acionária nas empresas. Ele pode acontecer através de investidores anjo até fundos de investimentos.
O Venture Capital quebrou recordes neste ano de 2021, injetando ainda mais dinheiro dentro do ecossistema de startups. No entanto, a quantidade desse capital destinado às mulheres é menor em 2021 do que nos últimos 5 anos, principalmente em empresas lideradas e fundadas por figuras femininas , nesse cenário, elas levantaram apenas 2,3% do Venture Capital este ano, de acordo com a Crunchbase. E 86% deste capital de investimento foi inteiramente para startups com homens como fundadores.
Já no Brasil, um levantamento feito a partir de esforço conjunto entre Distrito, B2mamy e Endeavor apontou que apenas 0,04% do volume investido em startups em 2020 foi para aquelas fundadas por mulheres.
Os números mostram que a quantidade de investimento destinado às mulheres ainda é muito pequena, causando desmotivação naquelas que possuem interesse em empreender ou seguir o modelo de startup. Um ciclo vicioso que dificulta a mudança desse cenário em grande escala.  
Apesar de toda a dificuldade, já é possível perceber algumas iniciativas que começam a caminhar no rumo onde a realidade é mais igualitária. Na Laborit, por exemplo, startup brasileira investidora do Techpost, a inclusão e a diversidade são pilares fundamentais da sua cultura organizacional. Liderada por uma mulher, Telma Corrêa, a Lab investe e apoia mulheres, também acredita que uma mudança verdadeira ocorre quando o potencial de cada parte para o todo é desbloqueado.

Trabalhar numa área dominada por homens tem sido um grande desafio, sobretudo no começo da minha carreira, na área de Design Industrial, onde praticamente só trabalhei com colegas homens e vivenciei ainda a situação de só homens ocuparem cargos de liderança, situação que me deixava muito desanimada. Nos últimos anos, vi a situação melhorar um pouco, a mulher tem conquistado alguns espaços, mas ainda temos muito para evoluir nessa jornada. Hoje, na LAB, tenho o privilégio de ser liderada e trabalhar ao lado de mulheres incríveis que me inspiram todos os dias, e homens que sabem respeitar o espaço e a capacidade das mulheres. Muito orgulho de fazer parte de um time tão inclusivo #golab #gogirls !

- Natalia De Marco, Product Designer na Laborit
A Laborit é uma Startup brasileira que tem como um de seus pilares a diversidade e a inclusão, além de ser liderada por uma mulher, o seu ecossistema possui mulheres em todos os patamares de cargos e funções, desde o operacional até a tomada de decisões. É um exemplo de organização que está fazendo diferente e fazendo a diferença no mundo.
Assim como ela, outras Startups se destacam com iniciativas que buscam a promoção da diversidade, aqui no Brasil, mais da metade dessas são voltadas para mulheres. Em outras partes do mundo também existem iniciativas com o mesmo propósito, como a Fintech HerVest que está levando inclusão social para mulheres nigerianas.
Para resolver a problemática onde as mulheres não conseguem receber investimentos e driblar todos os desafios de gênero, uma das saídas é que mulheres invistam em mulheres. Isabelli Batista defende que “mulheres conseguem influenciar outras mulheres e é isso que falta em muitas empresas". O mesmo pode ser aplicado quando falamos de investimento em Startup fundadas por mulheres.
Como sociedade ainda enfrentamos alguns desafios, como a quantidade de mulheres que efetivamente conseguem fazer aportes desse tamanho, para isso precisamos que elas apoiem umas às outras para conseguir crescer e ocupar posições que possibilitem essa transformação.
Esse movimento já vem acontecendo em menor escala, e vai ganhando força com o passar do tempo até que elas consigam finalmente ocupar as posições que realmente lhes cabem, e possam escolher os caminhos que querem seguir. Os efeitos da segregação de gênero estão diminuindo, e precisamos lutar para que eles um dia sejam só parte da nossa história.
Aqui, no Techpost, são as mulheres que ocupam cargos de destaque, participando de toda a cadeia de produção e também os cargos de poder da empresa. Nós queremos fazer a diferença no mundo, trazer o futuro para mais perto e escolhemos a tecnologia como meio, já que ela muda a maneira como vivemos. Para isso, acreditamos no potencial feminino e em um mundo com mais inclusão social e equidade, principalmente no mundo da tecnologia.
Assim como na Lab, no Techpost acreditamos no potencial das pessoas, isso abrange também as pessoas que foram impedidas de mostrar o seu potencial no decorrer da história - por inúmeros motivos. Fomentamos um ecossistema com mais diversidade, que acolhe diferentes vivências e visão de mundo . Vamos juntos reinventar um mundo onde as pessoas vão conseguir viver com equidade.

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